segunda-feira, 10 de setembro de 2012

MP3


O cara que inventou o MP3 player merece ganhar um prêmio. Não sei se existe um Nobel pra isso, ou se o mais correto seria um Grammy. Mas sei que ele precisa ser reconhecido por todo seu esforço.

Digo isso porque sou viciado em música e trabalho com fones no ouvido, ando de ônibus com fones no ouvido, arrumo cozinha e lavo banheiro ouvindo música, dirigindo ouvindo música. Faço quase tudo ouvindo música. Menos uma coisa: dormir. (até isso que você pensou eu faço ouvindo música).

Claro que você vai dizer que não ouço MP3 o dia inteiro, pois deduzirá que posso ouvir rádio, que posso ouvir músicas em outros formatos digitais e até mesmo elaborar uma lista no youtube e ouvir, em vídeo. Concordo, mas gosto de pensar que a origem disso tudo, relativo a disponibilidade, começou com o formato MP3.

Hoje tenho quase 30 anos e lembro-me das minhas tardes de férias, quando criança, em que colocava discos de vinil na vitrola e pulava, cantava e “tocava” instrumentos no ar (É, eu sei que vitrola é bem antigo). Nostálgico não?

Lembro-me também da minha pré-adolescência. No meu aniversário de 13 anos, minha tia me deu um walkman Sony bonitão. Andava ouvindo as fitas K7 (bem antigo também NE?) que eu gravava no microsystem do meu quarto, naqueles momentos em que eu esperava a canção desejada tocar na rádio e apertava o REC para gravar nas fitas, rezando para não aparecer as propagandas da rádio no meio da minha gravação.


E o fone bonito? As mina piravam

E com quase 20 anos, tive meu primeiro Discman, no qual podia ouvir meus cd’s comprados com minhas mesadas suadas!! Mas teve um sabor de empate diante da vitória que foi comprar um Discman que tocava cd’s em MP3!! Nossa, economizei muito meus primeiros salários de estagiário para adquirir aquela maravilha do mundo moderno...

Mas aí veio o MP3 Player. E acho que tocou aquela música de “2001-Uma Odisséia no Espaço” quando eu vi a primeira propaganda sobre o produto. Nesse momento tive certeza que o Elroy dos Jetsons tinha um desses. Que tecnologia futurística estava chegando aos terráqueos!

E o que mais me chamou a atenção nesta inovação era algo que literalmente tirava um peso das minhas costas, pois esvaziava minha mochila.

Tenho um amigo que coleciona LP’s (Long Play ou Disco de Vinil para os mais jovens). Recentemente ele queria fazer um seguro deles, pois considerava o valor emocional bem superior ao valor da própria vida, afinal, são centenas de vinis que compõe a coleção e são protegidos por um plástico. Realmente, é uma fantástica coleção. Só tem um defeito: Não são práticos.

Quando citei acima que minhas memórias de infância relacionadas à música eram com vinis, não mencionei algo que me irritava profundamente. Se minha mãe colocava os discos na vitrola eu tinha quase 30 minutos pra pular e fazer festa. Depois eu sempre tinha que ir atrás dela para pedir que virasse o disco (Eu não tinha a autorização de usar do poder supremo de mexer na vitrola do meu pai, afinal era um pirralho né). E depois de meia hora o disco acabava. Aí eu tinha que novamente puxar a barra do vestido da minha mãe ao chamá-la e pedir para que colocasse outro disco. E assim iam as tardes. Eu pulava e fazia Air Guitar por meia hora e ia chamar minha mãe. Ela devia adorar né?

Era assim que eu me sentia quando o disco acabava. Como mudar essa p*&%?

Mas mesmo quando o Poder Supremo da minha infância me foi concedido e passei a trocar os discos sozinhos isso era irritante. Toda hora eu tinha que ir e virar o disco.

Depois, na fase do Walkman, para gozar do direito constitucional de ir e vir ouvindo música eu tinha que andar com, no mínimo, uma pochete (na década de 90 era permitido viu?), para carregar 4 pilhas reservas e o número de fitas desejadas. Imagine um adolescente que ia e voltava da escola de ônibus e não tinha o nível de concentração exigido para uma aula de equações de segundo-grau, movimentos retilíneos uniforme e os benditos átomos de Bohr, Rutherford e etc. Eram basicamente 4 fitas k7 por dia.

Depois, já nos anos 2000, minha mochila comportava, além do básico de um gordo-nerd formando no terceiro ano, pré-vestibular e primeiro ano de faculdade (livros, cadernos, material escolar, quadrinhos e revistas de mulher pelada), umas 6 pilhas reservas e uns 8 CD’s variados. Era muita coisa!

E enfim, a maravilha do terceiro milênio, o MP3 Player. Sem pilhas, nem CDs, k7s. Pode colocar no bolso e ouvir a coletânea inteira do Paul McCartney sem gerar uma escoliose ou um bico de papagaio. Com um cabo você pode passar todas as músicas que você já ouviu na vida para aquele aparelho. Não é Fantástico? (A voz do Cid Moreira é uma opção sua).

Claro que não estou dizendo que abandonei os vinis, K7’s e CDs e nem fazendo apologia para colocá-los no maleiro da casa da sua avó. Tudo tem seu momento. Para ouvir música sentado, deitado ou até em pé, mas dentro de um espaço físico estático, pode ser em qualquer formato. Os discos de Vinil, inclusive, têm um som muito mais puro, na qual se escuta bem os instrumentos. Sem contar que é sempre bom rever os clássicos nos formatos em que foram gravados.

Mas a praticidade do MP3 player é invencível. Imagine agora você fazendo qualquer coisa em movimento (exceto na água). Qualquer coisa mesmo. Você pode fazer ouvindo música no MP3 player. Malhar, correr, comer, estudar, trabalhar, andar de transporte público, bicicleta, seja na rua, na chuva, na fazenda ou numa casinha de sapê.

Basta olhar em volta quando você está na rua. Estudos apontam que 48,93% andam nas ruas com fones nos ouvidos. O único problema é que existem pessoas que não usam fone para ouvir música.

Mas nada que retire o prêmio ao criador do MP3 player...

Um comentário:

  1. Realmente, momento nostálgico... Eu passei por situações maravilhosas do tipo.. Isso faz com que a gente perceba que éramos felizes e nao sabíamos! como era bom, como q a vida era menos complicada...Q saudade q temos! Momentos q nunca voltam, mas fazem parte da nossa formação...

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